Escoteiros do Mar ou Má Escoteiros

Sou Escoteiro do Mar e não tenho como negar. Construi minha vida no Escotismo durante 8 anos no 1ºPB GE MAR Almirante Barroso em João Pessoa/PB. Foi no Escotismo que desenvolvi minhas primeiras competências náuticas, fiz minhas remadas iniciais no caiaque, aprendi a velejar, aprendi a entender a maré, aprendi que o é boreste e bombordo, consegui minha habilitação de arrais amador, desenvolvi o gosto pelo mar. Devo minha atuação profissão de Instrutor de Canoagem Oceânica aos Escoteiros (do Mar).

Antes que não entendam bem, meu objetivo não é criticar sem motivo e sem apresentar soluções. Vou apresentar meu humilde ponto de vista e tentar direcionar boas práticas.

Muito tenho ouvido e visto “SOU ESCOTEIRO DO MAR”, “SÓ OS GRUPOS DE MAR”, “O UNIFORME DO MAR”, etc, etc.

É verdade o Escotismo no Brasil começou pela Marinha, trazido pelos seus Oficiais, mas e daí? Ser escoteiro é um previlégio que muitos não entendem, poucos têm e alguns realmente são. Ser escoteiro do Mar, do Ar, ou Básico não nos diferencia na essência. Somos amigos de todos e irmãos dos demais.

A postura dos escoteiros do Mar no Brasil não me causa motivação nem admiração pelos adultos que direcionam a Modalidade no País. Meu pensamento inicia pela luta constante dos Escoteiros do Mar em querer ter um uniforme/vestimenta diferente das demais modalidades. Ao lutar para criar uma nova vestimenta própria, apenas causa uma nova separação. Do ponto de vista de Marketing e fixação de uma marca, ao criarmos essa mistura não saudável de diferentes uniformes e vestimentas, estamos dando um tiro no próprio pé. Apenas complicamos ainda mais o reconhecimento da marca do Escotismo. Um escoteiro bem vestido na rua é garantia que teremos mais e mais membros em todas as modalidades. O povo brasileiro ainda é visual e considera fortemente as imagens e as aparências.

É bem verdade que a atual vestuário, lançado pela UEB em 2014, tem muito a melhorar. Ainda é desconfortável, é uma quase imitação da vestimenta americana (para adultos), e é caro. Mas que houve uma evolução para um visual mais moderno, não podemos negar. Como de praxe, nós, os escoteiros do Mar resolvemos criar uma vestimenta própria, que por acaso tenho uma. Formada por uma calça azul marinho e camisa branca, que remete aos antigos uniformes das escolas estaduais (nada contra as escolas) mas houve uma quebra substancial do visual moderno da vestimenta nacional para que o Modalidade do Mar propôs.

Outro passo importante que os Escoteiros do Mar precisam dar é de mudanças significativas no programa educativo dos jovens com relação as etapas da modalidade. Escoteiro do Mar não é aprendiz de Marinheiro. Precisamos desvincular e deixar de remeter a isso, mudar os rumos e as nomenclaturas. O programa dos Escoteiros do Mar precisa ser direcionado para formar, educando e divertindo ao ar livre, remadores e velejadores.

Por exemplo, analisando o Programa Educativo do Ramo do Sênior/Guia vejamos os termos e as etapas para Conjunto específico para Modalidade do Mar. O primeiro tópico é Salvatagem. Termo pouco usado. O termo usado no mundo inteiro é RESGATE. 

Vejamos agora as duas primeiras etapas:
a) Conhecer os sinais de pedido de socorro no mar; 
b) Conhecer os procedimentos a serem adotados em casos de incêndio a bordo.
Vamos para prática, a etapa A encontra-se totalmente desatualizada. Com o uso de tecnologia (telefone via satélite, SPOT, Beacon, Rádio, Celular e Internet) e procedimentos modernos de sinalização com sinais sonoros e luminosos, a etapa deixa em aberto para interpretação. Sem falar que, muitos dos sinais de pedido de socorro não são exclusivos do MAR, servem para qualquer situação de emergência. Não falem de SEMÁFORA! De nada serve no mundo náutico nos dias atuais.

A etapa B trata de incêndio a bordo. Ter noção desse procedimento seria válido se o jovem tivesse vivência, tivesse acesso e facilidade de ficar embarcado em barcos de médio e grande porte onde existe a possibilidade real de incêndio a bordo. Nas embarcações pequenas a remo e a vela que são mais facilmente usadas pelos escoteiros do mar, essa possibilidade não existe. Mais uma prova de que queremos formar marinheiros e não de formar jovens cidadãos responsáveis usando como palco o mar, o remo e a vela.

Vejamos as etapas TRADIÇÃO:
a) Participar corretamente do cerimonial de içar e arriar a Bandeira Nacional, tocando o apito marinheiro e tecendo seu próprio fiel do apito.
c) Saber as utilidades do caxangá e fazer uma pesquisa na internet sobre as coberturas e uniformes de Escoteiros do Mar em outros países. 
Apito Marinheiro? Caxangá? Será que realmente precisamos disso? Chegou a hora de modernizar. Mudemos, ou perderemos mais jovens com nossas ideias antigas.
A etapa de Embarcações e Marinharia é algo para se pensar:
a)Reconhecer os tipos de embarcações militares.
Essa etapa deveria ser excluída imediatamente. Existe uma infinidade de embarcações NÃO-Militares que podem motivar, divertir e educar os jovens. Não iremos atingir isso fazendo com que eles reconheçam as embarcações antigas da Marinha do Brasil (com todo respeito aos militares, eles não tem culpa).
Para os adultos foi criado o CTMAR - Curso Técnico de Mar. Outro problema da Modalidade, que pode ser solução. Um curso longo, quase impossível de ser realizado com frequência e facilidade dentro da realidade do Brasil. Tão difícil que apenas cinco cursos foram ministrados em 2014 no Brasil. O CTMAR também direciona parte do conteúdo para embarcações de grande porte, salvo exceções, tem um foco em embarcações a motor também. O CTMAR deveria ser dividido em 3 partes distintas: remo, vela e motor. Deveria focar em como educar usando o mar. Deveria ser um curso de formação de instrutores ou escotistas com foco no método e não apenas na prática. Deveria pensar em como ensinar a remar, qual a melhor abordagem para educar usando a vela oceânica, etc.

Tiro meu chapéu e tenho toda admiração pelos irmãos dos Grupos de Mar da Paraíba que lutam seriamente para realizar atividades a remos e a vela, sempre de colete, com seus jovens.

Enfim acredito que seja a hora da Direção dos escoteiros do Mar parar e pensar. Antes de reclamar pelo uniforme da modalidade, antes de citar que vão criar uma organização nacional separada da UEB, antes de dizer SOU ESCOTEIRO DO MAR, deveriam parar e refletir. Vamos usar o mar como meio educacional. Por exemplo, será que eu sei o que é uma rotação de tronco na remada baixa? Qual o uso e diferenças da carta náutica para embarcações a remo, a vela e motor? Será que realmente sei todos os tipos de maré dentro do ciclo de 28 dias? O que é um "resgate de contato” na canoagem oceânica? Acredita que apenas a lua interfere na maré? Qual a metodologia mais adequada para ensinar um rolamento num caiaque oceânico para jovens de 17 anos? Se eles, os dirigentes não sabem essas respostas, não são escoteiros do Mar, são na verdade, “má” escoteiros.

Edmilson M Fonseca - Escoteiro

Obs: Estou a disposição para ajudar, para fazer parte da mudança, para educar os jovens junto com todos que realmente acreditam no Escotismo como forma de mudança comportamental para um mundo mais bacana.

Um comentário:

  1. A MEU DEUS DO CÉU...A CRIATURA Q ESCREVEU ESSE COMENTÁRIO É UM ESCOTEIRO OU UMA ANTA? PQ SE FOR NEM É PAPEL DE UM ESCOTEIRO ESSE...E SEM FALAR QUE NEM SABE O QUE FALOU, 1° NEM CONHECE O EDMILSON,2° ELE CONHECE O BRASIL MUITO BEM,3° ELE TAMBÉM É ESCOTISTA,4° A MODALIDADE DO MAR Ñ É A MELHOR DO MUNDO Ñ VIO PRA VC SE SENTIR OFENDIDO E APRENDA A RESPEITAR A OPINIÃO DAS OUTRAS PESSOAS SEM FAZER UMA CRITICA TÃO SEM NOÇÃO COMO A SUA E PROCURE PRIMEIRO A REAL INFORMAÇÃO DO CONTEÚDO.

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