Alpinista Paraibano lidera Expedição Internacional a dois cumes nos EUA
Edmilson Fonseca é o primeiro Nordestino a chegar ao cume do Monte Geike.

Foto de cume
Frio abaixo de zero, tempestade de neve, fortes correntes de vento e muita chuva?
Super clichê para relatos de expedições de montanha ao redor do mundo. Na verdade tudo aconteceu ao contrário para o Alpinista Paraibano, Edmilson Fonseca, 37, que retornou da sua quinta expedição em 2012. 

A escalada teve como base a cidade de Lander no Wyoming, meio-Oeste dos Estados Unidos, local bastante conhecidos pelos escaladores americanos, mas muito remoto para expedições longas como essa realizada pelo paraibano. A equipe era formada por 11 jovens de quatro países: Estados Unidos, México, Alemanha e Equador e instrutores também dos Estados Unidos e o paraibano Edmilson Fonseca como único brasileiro e líder da expedição. A equipe chegou ao cume de dois picos nas Montanhas Rochosas na cadeia do Wind River no estado do Wyoming.

O primeiro e mais conhecido foi o Monte Geike com 3.783 metros de altitude, que foi alcançado no sétimo dia de expedição. O segundo pico, tecnicamente mais fácil, conhecido como pico 11.907 pés foi escalado no décimo terceiro dia do projeto e possui 3.642 metros de altitude. Dois cumes em apenas treze dias é um feito raro devido as severas condições de tempo na região, durante o verão americano.

Além do sucesso dos dois cumes nas Rochosas, a expedição completou a travessia a pé de 172 quilômetros e deve um ganho total de altitude de 5.757 metros somadas todas as ascensões em 29 dias de caminhada na montanha. Tudo isso para tornar possível ambas as escalada.

O paraibano fala que tudo foi muito bem calculado. "Fizemos um planejamento perfeito; escolhemos os melhores equipamentos, tivemos uma excelente janela de bom tempo, tive tempo para me preparar e tempo para treinar os alunos, deu tudo certo e nem sempre é assim", citou Edmilson, que já está de equipamento pronto para a próxima expedição. Edmilson é instrutor da maior escola da Liderança através de esportes de aventura do mundo, a NOLS - National Outdoor Leadership School, que tornou a expedição possível.

Com a conquista dos dois cumes na mesma expedição o paraibano aumenta e sedimenta a posição de maior explorador/aventureiro Nordestino da atualidade. Edmilson vem colecionando expedições em áreas remotas no planeta desde 1996. Apenas nos últimos 13 meses ele realizou 10 expedições na Amazônia, Montanhas Rochosas, Desertos de Utah e no Novo México. Um número difícil de ser batido devido a intensidade e ao aspecto remoto das expedições realizadas. 
Edmilson iniciou cedo e já aos 13 anos começou fazendo caminhadas (trekking) como escoteiro. Em seguida fundou a Equipe Neblina, e seguiu praticando esportes de aventura, onde introduziu a escalada em rocha no estado com a abertura da primeira via na Pedra da Boca em 1997, no ano seguinte chegou ao cume do Mont Blanc (4.807 metros) na França, em seguida trouxe ao Nordeste a Corrida de Aventura, esporte praticado com mapa e bússola e outras modalidades de aventura como mountain bike, trekking, travessia de rios, rappel, canoagem, etc. Montou o primeiro Arvorismo do estado (percurso de cordas na copa das árvores) em 2002 e dois anos após introduziu o Enduro a Pé ou Trekking de Regularidade. 
Montanhismo não é seu único esporte de aventura, mesmo praticando de forma mais constante, Edmilson não se considera um montanhista nem deseja ter rótulos. “Sou um péssimo escalador em rocha, voltei a fazer montanhismo nos últimos quatro anos depois de um longo período parado por falta de patrocínio, pratico orientação pedestre, estou caminhando até que bem, quero remar com mais freqüência e aprender a velejar, ou seja não sou especialista em nenhum esporte de aventura, sou sim um aficionado por expedições longas que envolvam planejamento em áreas remotas do planeta e uso o melhor de cada esporte de aventura para isso” citou Fonseca.
Ele desenvolveu o gosto por expedições mais longas depois de estudar no Curso de Bacharelado em Esportes de Aventura na Universidade de Leeds na Inglaterra, na disciplina de Planejamento de Expedições onde logo em seguida planejou e escalou sem ajuda externa o Mont Blanc na França com 4.807 metros onde se tornou o primeiro Nordestino a fazer o cume em 1998.  
Após o Mont Blanc, continuou a fazer expedições pela Paraíba e também fora do estado: cruzou os Lençóis Maranhenses a pé, fez travessias na Serra da Mantiqueira, caminhada de longo curso na Chapada Diamantina até chegar a ser instrutor da NOLS. 
“Antes de sair do Brasil fiz questão de conhecer bem a Paraíba e também os principais pontos no Brasil onde realizei expedições em áreas isoladas como: Lençóis Maranhenses, Chapada, Mantiqueira, Cerrado e a Amazônia. Acredito que devemos conhecer bem o local onde vivemos para em seguida seguir para montanhas mais altas” falou Edmilson que sempre realizou suas expedições por meio não motorizados e sem guias. 
Edmilson Montenegro vai encerrar o ano com mais cinco longas expedições realizadas em áreas extremas e remotas em seu currículo, fato que só amplia sua atual posição de maior explorador Nordestino da atualidade.
Seus próximos passos já estão marcados, ele Julho embarcou para mais uma expedição de Montanha na Cadeia Absarokas, em Setembro vai descer o Rio Salmon no estado do Idaho em canoas canadenses, em outubro volta as Montanhas Rochosas para tentar o Wind River Peak e finaliza com uma travessia de cem quilômetros na Amazônia.
“Não sou de ferro em dezembro vou ter férias, não estarei em expedições profissionalmente, pretendo escalar uma grande montanha na América do Sul numa expedição solo e me divertir subindo sem ter alunos ou pessoas para guiar, nem só de trabalho vive o homem” brinca o montanhista.
Apoio: Academia Prodígio, Açaíto, Clube Neblina e Vida Outdoor Brasil