Queremos chegar a 200 mil membros no Brasil de acordo com o planejamento estratégico da UEB 2016-2021. Como iremos atingir esse número em apenas 4 anos?
Acredito que seja possível, porém precisamos expandir nosso foco imediatamente, cuidando dos nossos adultos quase da mesma forma que cuidamos dos nossos jovens.
- Espere um pouco! O Movimento Escoteiro é feito para jovens, por qual motivo devemos colocar o foco também nos adultos?
Simples! Precisamos dos adultos para que todo o sistema Escoteiro seja realizado e não podemos esperar que esses voluntários estejam sempre prontos para desempenhar suas funções dentro do Escotismo. Precisamos colocar mais intenção, mais energia, mais tempo, mais cuidado na formação dos adultos e como esses interagem em suas seções.
Acredito em alguns passos simples:
01 - Gestão de RH na Unidade Escoteira Local - UEL
Cada UEL deve designar um adulto para gerenciar seus Recursos Humanos. Esse pode ser o diretor-presidente ou diretor-técnico, para que não seja necessário criar mais uma função na diretoria. Esse diretor deve gerir e cuidar da vida escoteira dos demais adultos, deve trabalhar junto com o assessor pessoal do escotista para incentivar a sua formação através dos cursos, oferecer suporte nos estágios supervisionados, suporte e conversas individuais a cada 3 meses para sentir e focar nas reais necessidades desse adultos e ainda gerir os distintivos e condecorações que ele ou ela tenha que receber.
02 - Transparente gestão financeira
Todo e qualquer voluntário sente-se melhor quando sabe que seu tempo, seu dinheiro e seu trabalho estão sendo bem empregados. O diretor financeiro deve colocar em local público e on-line o balancete trimestral, o balanço anual e a prestação de contas mensal da sua Unidade Escoteira. Essa atitude vai mostrar transparência, vai permitir que os adultos colaboradores vejam como o dinheiro está sendo usado, mostra também seriedade da organização. A diretoria da UEL deve montar um orçamento onde consiga envolver o máximo de adultos, onde as pessoas tenham voz sobre a forma como querem que o dinheiro seja empregado.
03 - Gerenciamento de Risco implantado
Devemos educar, praticar e treinar nossos adultos a gerenciar risco em atividades ao ar livre de forma mais constante. O curso técnico de Gestão de Risco deve entrar na formação dos adultos imediatamente. Precisamos criar um cultura de segurança dentro do movimento. Como resultado, podemos esperar atividades mais ousadas, mais seguras e em áreas mais remotas. Quando adultos e jovens sentem-se mais seguros naturalmente eles ficam mais tempo dentro da instituição.
Precisamos aprender a valorizar o trabalho voluntário dos nossos adultos. Todos os adultos devem trabalhar para criar um clima positivo dentro de sua unidade escoteira, aprender a reconhecer e elogiar os demais, considere a valorização deles fazendo com que eles paguem o mínimo possível em atividades, eles são voluntários e isso significa que não devem pagar para trabalhar. Pensem em como podem reduzir os custos dessas pessoas fazem um trabalho sensacional para educar jovens.
05 - Atividades específicas para adultos
Nossos adultos são jovens crescidos. Planeje e execute sistematicamente no calendário anual atividades ao ar livre para o desenvolvimento técnico dos adultos (acampamentos, jornadas, descidas de rios, cruzeiros, etc). Adicione a esse calendário, cursos e outros treinamentos que não estejam contemplados na formação de adultos da UEB (primeiros socorros, gestão de risco, liderança, culinária, etc). Agregue valor a vida escoteira dos adultos. Além da satisfação em ajudar como voluntário, ela ou ele vai permanecer pois continua a aprender e a se desenvolver como pessoa, com as oportunidades que a sua Unidade Escoteira oferece.
06 - Educar os adultos sobre os estágios de desenvolvimento de equipes, ferramentas de comunicação e resolução de conflitos.
É fácil perceber que os adultos entram como voluntários, passam aquela primeira fase ainda animados e vislumbrados com a filosofia do Escotismo, em seguida passa-se o tempo e eles se deparam com barreiras causadas por eles e por outros adultos da instituição que não têm ferramentas intra e interpessoais para superar as fases da equipe.
Toda equipe ou grupo de pessoas passa naturalmente por todas essas fases: (copiado e adaptado do livro Gerente Minuto)
Fase de Formação da Equipe ou Lua de Mel
Os indivíduos podem até serem flexíveis, mas não há flexibilidade no grupo, bem como não há grande aprendizado ou experiência em grupo, somente as competências individuais.
Geralmente elas não desenvolvem um senso de propósito, por haver a tendência de se expressarem de forma cuidadosa, por não ter uma relação de confiança.
Elas tendem a focar em um líder formal que estabeleça suas direções. E no inicio da formação da equipe, não se tem procedimentos para trabalhar-se em conjunto, pois ainda não foram explorados os talentos e habilidades dos diversos estilos de trabalho. Aqui as relações interpessoais são superficiais. Aqui devemos preparar nossos adultos ainda no curso Preliminar com ferramentas de comunicação que possam a ajudar e oferecer suporte para seguir a próxima fase.
Fase de Turbulência ou Tempestade
Aqui os conflitos evidenciam-se por conta da necessidade de definição dos objetivos e liderança da equipe. Apesar de a comunicação tornar-se mais ampla, ainda há um certo desconforto. Pois é natural que as pessoas priorizem suas necessidades individuais, o que pode gerar, conseqüentemente o pessimismo sobre o time ideal. A solução de conflitos de forma clara, nesta fase é substancial.
É nesta fase que perdemos nossos Escotistas. Quando nossos adultos chegam nessa fase eles não possuem ferramentas para superar. Fica apenas a briga, ou a discussão, ou o desentendimento. Como resultado, podemos notar que eles deixam o movimento escoteiro por causa de diferenças que muitas vezes poderiam ter sido gerenciadas com simples ferramentas de liderança. Ferramentas de resolução de conflitos, exemplos de debriefings e seções de feedback devem ser ensinados no curso Básico para que o adultos tenham o poder de seguir adiante
É possível perceber também em algumas equipes que os adultos dentro do Escotismo evitam a Tempestade, querendo ficar sempre na “paz" ou na Lua de mel achando que essa é a melhor forma de manter as relações entre os adultos da seção.
Fase de Normatização
Já nesta fase, a visão dos membros da equipe começa a ser compartilhada com o fim de definir-se as metas e objetivos, diminuindo, assim, a desconfiança e aflorando a liderança dos participantes. O que provoca a eminência de encontro de procedimentos para atingir a eficiência.
Agora já se possui a consciência das diferenças de talentos e habilidades individuais, o que não torna o time totalmente flexível, o que resulta ainda em lentidão para as respostas, pois ainda não há muita experiência compartilhada da qual pode-se tirar proveito, pelo fato de que o time está, ainda, em formação, dando seus primeiros sinais de sinergia.
Fase de Plenitude ou Performance
Após um rápida sinal de estabilidades os membros do time começam a consolidar seu senso de propósito, pois a comunicação já está devidamente integralizada com um nível relativamente alto de confiança.
Na Performance a equipe de adultos já conta com um plano eficaz de trabalho com alto grau de flexibilidade e adaptabilidade, juntamente com aprendizagem em evolução contínua, somente ainda presos ao paradigma tradicional; o que não interfere na produtividade e na sinergia da equipe.
Fase de Transformação da Equipe
Sempre que entrar ou sair um novo Escotista a equipe vai passar pela transformação e todo o ciclo de desenvolvimento volta a acontecer.
Por encontrar-se em um período de adversidades, o time inicia a redefinição de seu propósito, contando, ainda, com a comunicação e confiança em altos níveis.
A liderança já é compartilhada por todos, o que inicia a tramitação de novos procedimentos de trabalho, com as habilidades e estilos individuais em ascensão, o que propicia a adaptabilidade e a geração de respostas rápidas e positivas frente as mudanças necessárias.
Os membros estão em constante melhoria e aprendizado, em busca de quebras de paradigmas, transformando-se em um time criativo, produtivo e questionador.
Se queremos aumentar a retenção de jovens precisamos cuidar dos nossos adultos.
Edmilson M Fonseca
Escoteiro
Edmilson M Fonseca
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